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SEMANA DA CONSCIÊNCIA NEGRA

A voz da Pastoral Afro da Arquidiocese de Maringá

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Negros e Resistência: Uma história do Povo Negro na Arquidiocese de Maringá

       Desde a escrita de Casa Grande e Senzala, observamos na sociedade brasileira o mito da igualdade racial. Esse pensamento ideológico acerca do branqueamento determinou nos últimos cento e trinta e um anos (131 anos) como a cor da pele poderia propiciar que indivíduos eram dignos de oportunidade. E dessa forma se instaurou na sociedade a intolerância étnica, o preconceito racial, a discriminação racial e principalmente o racismo.

      No entanto um olhar diferenciado para questão negra no interior da Igreja, somente ocorrerá, após o Concilio Vaticano II e com as discussões provocadas pela teologia da libertação e suas reflexões sobre as questões sociais e a exclusão de grande parte da população por meio do sistema capitalista em especial a população negra que já amargava uma posição de exclusão social durante a escravidão e que não acabou que a assinatura da Lei Aurea.

        Podemos também citar a importância que a Conferência de Puebla trouxe para as Comunidades Negras da América Latina, pois o documento produzido na mesma condenava todo tipo de discriminação, preconceito, marginalização e racismo no interior da Igreja católica. Sendo assim a Conferência possibilitou uma discussão histórica em prol da igualdade racial dentro da instituição.

         Porque essa discussão se torna tão importante nesse período histórico de nossa Igreja? É de suma importância, pois como nos foi relatado neste momento histórico as relações raciais no interior da Igreja era extremamente desigual. No que tange as “Religiosas Consagradas, as Freiras negras eram impossibilitadas de sair dos conventos para fazer missões, pois essa era uma prerrogativa das Freiras brancas e para as negras a função que lhes restavam eram os afazeres domésticos das Instituições religiosas. Esse fato reflete como os resquícios da escravidão ainda estavam presentes na sociedade e não falamos de cem anos atrás, mas de quarenta, cinquenta anos.

    Quando analisamos documentos da Igreja, mais recentes como Aparecida, verificaremos discussões tais como: é uma missão da Igreja denunciar a prática da discriminação e do racismo em suas mais diversas expressões, pois essa prática ofende no mais profundo a dignidade humana criada a imagem e semelhança de Deus. A Igreja preocupa-se com a situação sociocultural dos negros no Brasil e na América Latina, pois há uma pequena porcentagem de afro-americanos que tem a possibilidade de chegarem ao ensino superior, sem o qual se torna mais difícil seu acesso as esferas de decisão na sociedade. 

       Sendo assim a Igreja se torna parceira dos afro-americanos em suas lutas por seus direitos, na cidadania, nos projetos próprios de desenvolvimento e consciência de negritude.  Logo precisamos salientar que a Pastoral Afro brasileira tem sua gênese no interior da Igreja Católica pós concilio. Mas sua consolidação se dá, após a campanha da fraternidade de 1988, quando se comemorou os cem anos da abolição da escravatura no Brasil.  Essa Campanha teve como tema “Fraternidade e o negro”, com o lema- “ Ouvi o Clamor deste povo”.

     Mas precisamos ressaltar que muitas Arquidioceses se negaram a trabalhar a temática escolhida pela CNBB e criaram outros temas por não aceitarem ou não verem necessidade de discutir as questões do negro na Igreja. Nesta discussão podemos pontuar a Arquidiocese do Rio de Janeiro, onde o Bispo levou trinta anos para reconhecer a Pastoral Afro em sua diocese. Levando os membros da mesma a militarem às escondidas. 

    No entanto a ação sócio-transformadora da Pastoral afro-brasileira não se fundamenta apenas nos documentos da CNBB, mas a mesma desenvolve ações concretas em diferentes dioceses e regionais, por meio de articulações pensadas por seus membros, amparados por líderes religiosos tais como: Bispos referenciais, no Paraná representado por Dom Wagner de Guarapuava, Padres Luciano e Cristiano de Londrina, Rui de Apucarana e Ivaldir e Jéferson de Maringá. E os Padres de Mandaguari que com seu apoio e carinho deu um novo ardor a caminhada em sua Paróquia. 

        Esses sacerdotes deixam explícito a importância da história dos negros no interior da Igreja e da sociedade. E da importância que projetos como: Batucada de Primeira, Beleza Negra e Grito dos Excluídos têm para dar visibilidade a presença dos negros em nossas relações com o meio social.  Desta forma estimulando e assumindo a luta de resistência de um povo que foi reprimido e oprimido por anos pelas oligarquias nacionais. 

   

Valdecir Geronimo do Nascimento

Pedagogo, Assistente social e Coordenador da Pastoral Afro na Arquidiocese

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