Dia Mundial do Meio Ambiente
AS PEDRAS GRITARÃO
O dia 05 de junho é lembrado em todos os países como o Dia Mundial do Meio Ambiente e da Ecologia. É comum também celebrar a semana que comporta este dia como a Semana do Meio Ambiente, lembrada por meio de diversas atividades de conscientização, reflexões e ações concretas. Consiste, portanto, em um tempo propício para dar luz aos assuntos dramáticos da crise socioambiental nas suas multifaces, fazendo ecoar a dor da Mãe Terra, nossa Casa Comum.
Neste ano, porém, o discurso ganha novos vieses com a Pandemia do COVID-19, tornando explícito a interconectividade entre os seres vivos; de fato somos UM com o TODO, somos UM com a TERRA. O papa Francisco, por ocasião da benção Urbi et Orbi, afirmou: “avançamos, destemidos, pensando que continuaríamos sempre saudáveis num mundo doente” (27/03/2020). Um “mundo doente”, esta é nossa mais cruel realidade, adoecemos nosso planeta e adoecemos junto com ele. Qual a cura? De onde ela virá? Que voz nos trará essa Boa Notícia?... penso eu que a das pedras!
Lucas relata um episódio em que Jesus afirma que a boa notícia, quando não proclamada pela voz humana, seria gritada pelas pedras (Lc 19,40). Essa afirmação encontra paralelo no Profeta Habacuc (2,11), onde o grito das pedras e da madeira é um grito por justiça, é uma voz que clama por aqueles que foram destituídos do direito à vida em plenitude. Dar voz aos injustiçados é a missão dos profetas; desta forma as pedras assumem o protagonismo da busca por justiça e ganha novo status. Sim, as pedras profetizam: denunciam a injustiça e anunciam a boa nova.
Por séculos a humanidade vem calando as vozes das profetizas e profetas que denunciam as inúmeras faces das injustiças socioambientais cometidas a todas as criaturas, que sucumbiu espécie por espécie, vida por vida. Diante de tantas vozes silenciadas, uma ressurgiu forte e imponente: o planeta agora fala. É tempo de silenciar-se e ouvir, de aprender as lições que a Mãe Terra nos oferece e pacientemente curar para sermos curados.
E qual tem sido este grito? Parece ainda ecoar o apelo pela justiça. É preciso justificar os injustiçados, cada vida negada em sua dignidade e em sua essência sagrada capaz de comportar o Criador. Justiça a cada irmã e irmão que lhe tem negado os diretos a suprir suas necessidades básicas de alimentação, moradia, trabalho, educação, saúde, cultura e lazer. Justiça a cada criatura, a cada espécie, cada elemento físico-químico, que lhe tem negado o seu direito a existências em decorrência do modelo político-social-econômico que promove a exploração, a degradação e a poluição dos ecossistemas.
Deste modo, neste dia Mundial da Ecologia, devemos aguçar nossos ouvidos para ouvir o grito das pedras, a voz da nossa Mãe Terra... e ela clama por justiça!
Érica Daiane Mauri
Voluntária da Cáritas Arquidiocesana de Maringá