1º de maio - Dia do Trabalhador, comemorar o que?
Internacionalmente comemora-se no dia 1º de maio de cada ano, o Dia do Trabalho, ou Dia do Trabalhador. No calendário Litúrgico a data comemora o dia de São José Operário, santo padroeiro dos trabalhadores.
O 1º de maio é comemorado no Brasil desde o ano de 1924, onde comemoramos as conquistas dos direitos dos trabalhadores, mas principalmente rememoramos a luta da classe trabalhadora pelos seus direitos. Infelizmente, neste ano de 2018, estamos muito longe de comemorarmos qualquer conquista.
A suposta “Reforma Trabalhista” ocorrida no ano de 2017, por meio da promulgação da malfadada Lei 13.467/2017, nada mais foi do que o maior achaque aos direitos dos trabalhadores da história do Brasil. Aplaudida pelo capital internacional e a parcela desinformada do empresariado nacional, é repudiada por todas as instituições sérias que se dedicam à apaziguar as relações entre capital e trabalho, a lei da “reforma trabalhista” sustenta-se no seguinte tripé: retirada de direitos trabalhistas, com a fragilização dos sindicatos e da própria Justiça do Trabalho e a criação de obstáculos que impeçam o acesso dos empregados à justiça.
Vivemos um movimento mundial de empobrecimento das classes médias e o acúmulo de riquezas nas mãos de poucos. Nunca a desigualdade social foi tão alarmante. Há vinte anos cerca de cinquenta por cento de todos os bens da terra estavam concentrados nas mãos de aproximadamente trezentas pessoas, que se distribuíam pelo mundo. Hoje apenas oito pessoas concentram mais riquezas do que a metade mais pobre da população mundial (site g1.globo.com – 16/01/2017). Encabeça a lista dos bilionários Bill Gates, da Microsoft, seguido de Amâncio Ortega, este dono da empresa Zara, condenada no Brasil a uma multa de 5milhões por se utilizar de trabalho escravo e infantil.
Apesar de ter uma certa predileção pelos países pobres, por serem os mais vulneráveis à especulação da mão de obra, o “neoliberalismo globalizado” não poupa ninguém. Tendo como lema “reduzir custos para maximizar lucros” o capital especulativo atingiu duramente até as maiores economias mundiais, sendo que países como os EUA, Reino Unido, Alemanha e Japão, tiveram um empobrecimento de suas classes médias em mais de 30% nos últimos vinte anos.
No caso brasileiro chega a ser difícil de nominar todos os direitos trabalhistas que foram atingidos duramente pela famigerada “reforma trabalhista”, mas suas consequências nefastas serão sentidas em curto espaço de tempo: a redução salarial com redução no recolhimento de impostos e previdência social, já estimadas entre 20% e 30% para os próximos dois anos, fato esse que por si só justificará a outra reforma tão almejada pelo Governo Temer, a “reforma previdenciária”.
A redução de direitos trabalhistas proposta pela Lei 13.467/2017, causa ao Brasil o maior retrocesso social de sua história, e faz parte da agenda mundial das grandes corporações, cujo objetivo é reduzir os custos de produção com a maximização dos lucros a serem divididos com o capital internacional, ainda que a custo do empobrecimento generalizado da população mundial.
Para se garantir a eficácia da “reforma trabalhista” o capital internacional direciona, agora, seu poderio econômico contra àqueles que ousam contra ela se insurgir. O alvo atual é a Justiça do Trabalho. O objetivo: extingui-la. Por isso reiniciou-se na imprensa nacional uma campanha de difamação da Justiça do Trabalho, com matérias mentirosas que deturpam a realidade, querendo fazer crer que ela só existe no Brasil, sendo a mais cara, ineficiente e cheia de privilégios de todos os ramos do judiciário nacional, contrariando os estudos do Conselho Nacional de Justiça que apontam justamente o oposto: a justiça do Trabalho é a mais barata e célere das Justiças brasileiras.
Por isso infelizmente não há nada a ser comemorado neste 1º de maio, o dia não será de comemoração mas de conscientização de que é necessário reagirmos, pois o momento é de enfrentamento, e não de resignação. O Brasil já retornou ao mapa mundial da fome, e isto graças a uma classe política corrupta e compromissada com os interesses do grande capital internacional e não com os interesses da população.
Walter Fernandes
Conselho Arquidiocesano de Leigos de Maringá