Pelo CERMA/PR, entidade conhece como está sendo desenvolvido o projeto "Brasil sem Fronteiras" de interiorização, desenvolvido pela ONG Aldeias Infantis SOS
Representando o Conselho Estadual dos Direitos dos Refugiados, Migrantes e Apátridas do Paraná (CERMA), a ARAS Cáritas acompanha de perto o processo de interiorização que trouxe 68 venezuelanos para o município de Goioerê, Noroeste do Estado, a pouco mais de 150 quilômetros de Maringá.
No último dia 9, junto com a integrante da Cáritas de Londrina, Deusa Rodrigues, e a representante do Conselho Regional de Psicologia do Paraná, Ana Sofia Guerra, a secretária executiva Andressa Gongora e o presidente Padre Emerson Cícero de Carvalho visitaram a organização humanitária Aldeias Infantis SOS, entidade que acolheu os migrantes no município. Na visita, os quatro conselheiros conheceram o projeto e verificaram como os venezuelanos estão se integrando à realidade local, desde o dia 31 de agosto, quando começaram a chegar.
Nesta primeira leva, vieram 61 pessoas. No último dia 2, chegaram outros sete. A maioria é família, sendo 27 dessas crianças, dois adolescentes e 39 adultos. Como relatam os conselheiros, todos chegaram com as documentações devidamente regularizadas, vacinados e foram acolhidos em seis residências localizadas em uma chácara a 1,8 km da cidade de Goioerê.
Trabalho
Em relação às questões laborais dos adultos acolhidos, a equipe relatou que 67% já se encontram em empregos formais, 12% em trabalho informal e 21% ainda não estão trabalhando. Até o momento da visita, 21 pessoas já haviam sido desligadas do programa e integradas à cidade de Goioerê, representando sete famílias que hoje já conseguem pagar os aluguéis com recursos próprios.
Apesar de já terem conquistado esta autonomia, a Aldeias SOS Infantis relata que continua a dar apoio a essas famílias, auxiliando com móveis, utensílios e todo o suporte necessário.
Saúde
Segundo os conselheiros constataram, a Secretaria Municipal de Saúde realizou um mutirão no próprio abrigo, na chegada dos venezuelanos, efetuando o Cartão SUS e vacinação da gripe para todos. Hoje, o município e o projeto têm estimulado os migrantes a irem até os postos de saúde da cidade, para se articularem com o serviço.
No momento da visita, havia duas venezuelanas grávidas, que já estavam realizando pré-natal pela rede municipal.
Educação
Sobre os aspectos educacionais, de acordo com a Aldeias, o núcleo de educação tem dado todo apoio e suporte necessário para matricular as crianças na escola. Aulas de português têm sido ofertadas em um colégio estadual, com transporte cedido pelo município. A equivalência de diplomas para as pessoas que chegam já com graduação está sendo dialogada com as instituições e o governo.
Acolhida
Como afirma a organização, os principais desafios desse trabalho de acolhimento têm sido quanto aos aspectos culturais – locais e dos próprios migrantes. Em relação a eles, as dificuldades são, principalmente, em relação a regras, compras e cuidados gerais. O que se tem feito para superar a questão, são frequentes rodas de conversas e integração com a comunidade local.
Em relação aos aspectos materiais, os conselheiros do CERMA observaram que tanto as casas quanto os espaços comuns da chácara da acolhida se encontram em bom aspecto de higiene e cuidado. A chácara fica localizada próxima à cidade e, embora seja antiga, possui uma boa estrutura, preservação e manutenção.
ONG
A Aldeias Infantis SOS trabalha com um gestor, Alex Decian Thomazi, uma coordenadora, duas educadoras sociais, uma psicóloga e o administrativo, todos eles responsáveis pelo acolhimento e integração dos Venezuelanos.
Segundo a equipe, a Organização está presente em 135 países e, no Brasil, vem atuando há mais de 50 anos, em 187 projetos. O objetivo da ONG é o cuidado a crianças, o fortalecimento do vínculo familiar e respostas a situações de emergência. Foi apresentado o cenário do projeto “Brasil sem Fronteiras”, tratando-se do primeiro trabalho da Organização específico para imigrantes.
O projeto “Brasil sem Fronteiras”, de acolhimento e interiorização de Venezuelanos, é executado em parceria com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) e tem o apoio do município de Goioerê.
A ARAS Cáritas participa do Conselho Estadual dos Direitos dos Refugiados, Migrantes e Apátridas (CERMA) desde a criação, em 2015. Vinculado à Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SEJU), “o CERMA/Pr tem por finalidade viabilizar e auxiliar na implementação e fiscalização das políticas públicas voltadas aos direitos dos refugiados e migrantes, em todas as esferas da Administração Pública do Estado do Paraná, visando à garantia da promoção e proteção dos direitos dos refugiados, migrantes e apátridas”, como divulga o conselho.
No total, o CERMA/PR é composto por 18 membros titulares e respectivos suplentes.