O “Grande Oráculo” e os males do Brasil.
Lembra da Reforma Trabalhista? Aquela reforma “necessária” para que o Brasil voltasse a crescer! Isso, aquela mesma. Aquela que tiraria a economia do Brasil do “fundo do poço” e criaria, segundo seus defensores, 6 milhões de novos empregos, fazendo com que aumentasse sensivelmente o nosso “pibinho” (termo jocosamente criado pelo “jornalista” e “especialista em variedades”, Alexandre Garcia, para se referir ao PIB brasileiro). Pois é, ela foi implementada em 2017, com a sua ajuda e aprovação. Até porque não tinha como deixar de apoia-la. Willian Bonner, Alexandre Garcia, Willian Wack e companhia, todos os dias nos lembravam que a única salvação da economia era a “reforma trabalhista”.
A turminha da Globo e dos grandes órgãos de imprensa estavam convictos, e convenceram você, que a culpa é sempre do povo, do trabalhador brasileiro. Esse povo encostado nas “benesses de um Estado paternalista” e que, em razão de uma legislação trabalhista “facista” e “retrograda”, vinha atrapalhando a vida do empresariado nacional. Esse mal, como dito, já foi extirpado. Agora é hora de atacar os “abusos contra a Previdência”, e para isso já elegeram seus vilões: funcionários públicos e trabalhadores rurais, esses são contra o país, são contra a nação.
Mas, pasmem, a reforma trabalhista foi implantada e não resolveu nada.
Contrariando as “previsões” do Governo Temer e da nossa “imprensa imparcial”, a implementação da reforma trabalhista agravou, e muito, as más condições da economia e a baixa renda do povo brasileiro. Os 06 milhões de empregos não vieram, mesmo com a reforma autorizando a criação de subempregos, onde os empregados poderiam receber até mesmo salário inferior ao mínimo. O desemprego que se calculava em torno de 12,5% agora é de 13,5%, e, dependendo da forma que se calcule a taxa de desocupação ela pode chegar a inimagináveis 23% da mão de obra disponível no país e com isso a redução dos recolhimentos à Previdência era uma consequência lógica (em tempo: a perspectiva de aumento do PIB brasileiro continua a mesma, diminuta e caindo a cada dia, mas a expressão “pibinho” sumiu do vocabulário do supracitado “jornalista”)
Passada a reforma trabalhista o foco agora é a necessária “reforma da Previdência”, e a ladainha se repete. Mas antes mesmo da reforma da previdência ser aprovada, milhões de benefícios previdenciários foram cortados ou reduzidos drasticamente. O atual Governo Federal afirma: “estamos atacando o mal pela raiz, pois essas ervas daninhas necessitam ser dizimadas”.
Os grandes bancos apoiam e financiam os órgãos de imprensa em favor da reforma da Previdência, não porque estejam de olho nos 400bilhões de reais que anualmente migrariam para a previdência privada com a criação do regime de capitalização, mas sim por AMOR AO BRASIL, mesmo amor que embala órgãos de imprensa como a rede de rádio JOVEMPAN, que está com uma “campanha nacional” a favor da reforma (aqui mesmo em Maringá vemos faculdades particulares com outdoors em favor da reforma e tudo, como dito, por amor à Pátria).
Apesar da campanha do Governo e da imprensa nacional, financiada pelas entidades financeiras, todos os estudiosos do direito, como ocorrido quando da reforma trabalhista, estão se posicionando contra a proposta da reforma. O Governo Federal, como forma de segurar a ofensiva da sociedade civil contra a reforma, decretou o “sigilo das informações”, ato digno de governos não muito democráticos, como a Venezuela, Coreia do Norte, Arábia Saudita, entre tantos.
Alterações pontuais, tanto na legislação trabalhista como na previdenciária, eram e são necessárias, mas a reforma trabalhista como foi feita e a da Previdência, como se pretende fazer, atentam contra princípios fundamentais como a Dignidade da Pessoa Humana e a Valorização do Trabalho, para não dizer, até mesmo, que são/serão atos criminosos.
Entre as entidades contrárias ao projeto de reforma da Previdência formalmente já se posicionaram a OAB, o Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário e o Ministério Público do Trabalho. Outras entidades de peso e credibilidade também já se posicionaram contra, entre elas a CNBB e o CNLB.
Então, fica a pergunta: como acreditar nessas instituições se o “grande oráculo”, a imprensa nacional, soberana, livre e compromissada unicamente com o bem do Brasil e do seu povo, afirma o contrário?
E aí eu pergunto: e você, vai acordar quando?
Walter Fernandes - Vice-presidente do CNLB-Regional Sul II e Assessor do CNLB-MGÁ