Viva as Mulheres! Vivas as queremos
Meire Mathias¹
A manifestação feminina está na sociedade, nas artes, na literatura, na política, na ciência, entre outros. A despeito disso, desde o sec. XVIII, a repressão sistemática do feminino ganhou força e a marginalização e discriminação da mulher se intensificou.
Ao longo deste período se deu a construção de ideias negativas em torno da mulher, que passou a ser adjetivada como feiticeira, bruxa, louca ou má, definida como um ser inferior. Fazendo querer crer que a mulher não é um ser inteiro: natural, humana e complexa! No sentido oposto, argumenta-se que nós, mulheres, não somos feitas para ter medo, para domesticidade, para temer a autoridade, para não exercer o lado criativo, para conviver com a ideia de inferioridade, para trabalhar mais e receber menos. Todo o ser humano é um ser social e, como tal, viver de forma digna é um direto, lutar pela emancipação é construir a transformação da realidade social.
Nesse sentido, o Dia Internacional das Mulheres é um dia de luta, é um dia que mundialmente nos propomos a recobrar a história de luta das mulheres. Para não esquecer que os movimentos de mulheres conquistaram mudanças na legislação civil, algo muito além do direito ao voto, por exemplo, a conquista de regulamentação do casamento e do divórcio, o direito ao estudo, ao trabalho e ao exercício das mais diferentes profissões.
Ter reconhecido o direito de acesso à herança, aos bens da família e também à guarda dos filhos. O direito de se organizar politicamente e de se associar a partidos políticos, sindicatos, coletivos e outros mais. Se em boa parte essas conquistas se deram entre os séculos XIX e XX, a opressão das mulheres ainda não foi superada pela sociedade, no âmbito doméstico e no Estado.
Nos dias de hoje, recobrar o Dia Internacional da Mulher, implica também em conhecer, apoiar e integrar as inúmeras lutas que as mulheres travam no Brasil, na América Latina e no mundo. O protagonismo do humano feminino que repudia a violência presente no cotidiano da vida pública ou privada.
O movimento de mulheres denuncia e rejeita qualquer tipo de maus tratos, de cárcere e demais formas de violação dos corpos femininos, ora exercida na esfera pública, ora na esfera privada, crescentemente resultando em feminicídio. As lutas protagonizadas pelas mulheres expressam a consciência de que o “pessoal”, o “privado” é político, quando se trata de confrontar a ideia de subalternização da mulher.
A defesa dos territórios, das riquezas naturais, da produção familiar, dos povos originários, da manutenção da demarcação das terras indígenas são lutas travadas e ou encampadas pelas mulheres. Referimos-nos ainda a luta contra a exploração e concentração de renda, bens e propriedades; contra a produção agrícola em larga escala com uso de agrotóxicos, posicionando-se em favor do bem comum.
Sob essa perspectiva, o dia 08 de março, significa entender-se mulher enquanto sujeito histórico e político. Contudo, o entendimento da mulher enquanto sujeito ativo da história, necessariamente implica reconhecer as suas condições de classe e de raça/etnia.
Viva as Mulheres! Vivas as Queremos
1 Meire Mathias Dra em Ciência Política, Docente da Universidade Estadual de Maringá, Voluntária e Coordenadora da Escola de Cultura, Fé e Política
Cáritas Arquidiocesana de Maringá Ocupa Assento Significativo